sábado, 28 de abril de 2012

Dom Rua, o sucessor



P Miguel Rua: Um outro Dom Bosco



Os salesianos celebraram neste ano o centenário da morte do P. Miguel Rua, o primeiro sucessor de Dom Bosco (06/04/1910 - 06/04/2010). Com esta ocasião, o reitor-mor, P. Pascual Chavez Villanueva, fez-nos a proposta de olharmos para a vida do P. Rua e nos espelharmos em seu exemplo de fidelidade a Dom Bosco e de amor à missão salesiana.
Miguel Rua nasceu em Turim, no dia 9 de junho de 1837. É o caçula de nove irmãos e orfão de pai desde os seus oito anos de idade. Foi um dos primeiros meninos a participar do Oratório de Dom Bosco. Quando iria começar a trabalhar como operário na mesma fábrica onde seu pai trabalhava, é convidado pelo próprio Dom Bosco a continuar os seus estudos no oratório.
Um fato curioso, aliás, marcou estes seus primeiros anos no oratório. Dom Bosco estava a distribuir algumas medalhas para os jovens do oratório, e Miguel Rua está no último lugar da fila. Quando chega a sua vez, as medalhas já haviam acabado. O padre, no entanto, tomando a mão de Miguel, faz um gesto como se estivesse partindo alguma coisa, e diz: "Toma Miguelzinho! Nós dois faremos tudo meio a meio". Miguel era ainda muito novo para entender o que de fato Dom Bosco queria dizer com este gesto (veja no vídeo abaixo).



No oratório, era um fiel colaborador de Dom Bosco. De seu grupo, faziam parte aqueles jovens que, mais tarde, seriam os pilares da Congregação Salesiana como João Cagliero, Angelo Savio e João Bonetti, por exemplo. Além de São Domingos Sávio, amigo de Miguel Rua e companheiro da Companhia da Imaculada, um grupo que tinha como objetivo acolher e dar testemunho cristão para os novos jovens que chegavam ao oratório.
Tamanha disponibilidade e amor ao oratório fizeram com que Dom Bosco convidasse Miguel Rua a ser o primeiro a fazer os votos de pobreza, castidade e obediência como salesiano, no dia 25 de março de 1855.
Sendo agora oficialmente um colaborador do oratório, Rua é incumbido das aulas de matemática e religião, da assistência no refeitório, no pátio e na capela, e de passar a limpo todas as cartas e publicações de Dom Bosco. E, além de tudo isso, continuar os seus estudos para ser padre. Detalhe: Miguel Rua tinha apenas 17 anos nesta época.



Em 1859, um ano antes de ser ordenado padre, Rua acompanha Dom Bosco em sua audiência com o papa Pio IX, para pedir a aprovação da regra de vida dos salesianos. Alguns anos depois, o P. Rua assume a direção da primeira casa salesiana fora de Turim, na cidade de Mirabello. Na época, fez o propósito de "ser outro Dom Bosco em Mirabello".
Mas o P. Rua não ficará em Mirabello por muito tempo. Logo é chamado para retornar a Valdocco, e substituir Dom Bosco em tudo, na direção da casa-mãe dos salesianos.



Estando Dom Bosco já doente, em 1884, o papa Leão XIII nomeia o P. Rua vigário geral da Congregação Salesiana. O mesmo papa confirmará, quatros anos depois, o mesmo P. Rua como o primeiro sucessor de Dom Bosco no governo e na animação dos salesianos.
O P. Rua ficou conhecido pela sua grande fidelidade a Dom Bosco, de forma a ser chamado "Regra Viva", pelos seus irmãos salesianos. O propósito de dar continuidade à missão salesiana, sendo fiel ao espírito original de Dom Bosco, foi a principal motivação de sua vida. Enfrentou inúmeras dificuldades no governo da Congregação. Mas, no entanto, colaborou eficazmente com o seu crescimento, tanto no número de salesianos como no número de presenças pelo mundo.
Morreu no dia 6 de abril de 1910, com 73 anos. E foi beatificado em 1972, pelo papa Paulo VI.

Santidade na Família Salesiana


Seguindo os ensinamentos do Santo Evangelho e de Dom Bosco, muitos foram os integrantes da família salesiana que viveram a santidade. Muitos são beatos, bem-aventurados, mártires, veneráveis, servos de Deus e  santos. Vejamos alguns eles: 

Santa Maria Domingas MazzarelloSanta Maria Domingas Mazzarello – (1837-1881)
Maria Domingas nasceu no dia 09 de maio de 1837, em Mornese (Alessandria).
Na família foi formada numa piedade sólida, numa laboriosidade incansável e grande senso prático e profundidade de discernimento que manifestou depois, também como Superiora. Aos 15 anos, inscreveu-se na Associação das Filhas de Maria Imaculada e se abriu para o apostolado em meio às meninas do lugar.
A grave doença do tifo, contraída aos 23 anos, teve nela uma forte ressonância espiritual: se, por um lado, a experiência da fragilidade física tornou mais profundo o seu abandono em Deus, por outro lado a impeliu a abrir uma oficina de costura para ensinar às meninas o trabalho, a oração e o amor de Deus.
Graças à intensa participação aos sacramentos e sob a direção sábia e iluminada do Padre Pestarino, fez grandes progressos na vida espiritual. Por ocasião da visita de Dom Bosco a Mornese (08-10-1864) ela disse: “Dom Bosco é um Santo, e eu sinto isso!”.
Em 1872, Dom Bosco escolheu-a para dar início ao Instituto das Filhas de Maria Auxiliadora.
Como Superiora, revelou-se hábil formadora e mestra de vida espiritual; tinha o carisma da alegria serena e tranqüilizadora, irradiando contentamento e atraindo outras jovens para se dedicarem à educação da mulher.
O Instituto progrediu rapidamente. Ao morrer, ela deixou às suas filhas uma tradição educativa toda permeada de valores evangélicos: a busca de Deus conhecido através de uma catequese esclarecida e de um amor ardente, a responsabilidade no trabalho, a franqueza e a humildade, a austeridade de vida e a alegre doação de si. Morreu em Nizza Monferrato, no dia 14 de maio de 1881. Seus restos mortais são venerados na Basílica de Maria Auxiliadora, em Turim. Sua festa anual é celebrada no dia 13 de maio.


São Domingos SávioSão Domingos Sávio – (1842-1857)
Domingos nasceu no dia 02 de abril de 1842, em São João de Riva, perto de Chieri (Turim).
Tinha sete anos quando, na Primeira Comunhão, traçou seu projeto de vida: “Confessar-me-ei com muita freqüência e farei a comunhão todas as vezes que o confessor me der licença para isso. Quero santificar os dias festivos. Meus amigos serão Jesus e Maria. A morte, mas não pecados”.
Aos doze anos, ao ser recebido por Dom Bosco no Oratório de Turim, pediu a ele que o ajudasse a “se tornar santo”. Manso, sereno e alegre, colocava todo o empenho no cumprimento de seus deveres de estudante e em ajudar de todas as maneiras os colegas, ensinando a eles o Catecismo, assistindo os doentes, separando as brigas… Um dia, a um companheiro que acabava de chegar ao Oratório, ele disse: “Saiba que aqui nós fazemos a santidade consistir em estar muito alegres. Procuramos apenas evitar o pecado, como um grande inimigo que nos rouba a graça de Deus e a paz do coração, e cumprir exatamente os nossos deveres”.
Fidelíssimo ao seu programa de trabalho, sustentado por uma intensa participação aos sacramentos e por uma filial devoção a Maria, alegre no sacrifício, foi enriquecido por Deus com dons e carismas.
No dia 08 de dezembro de 1854, proclamado o dogma da Imaculada por Pio IX, Domingos se consagrou a Maria e começou a progredir rapidamente na santidade. Em 1856 fundou com seus amigos a Companhia da Imaculada para uma ação apostólica de grupo.
Mamãe Margarida, que havia se mudado para Turim, a fim de ajudar o filho sacerdote, disse-lhe um dia: “Você tem muitos jovens bons, mas nenhum deles supera o coração e a linda alma de Domingos Sávio”. E explicou: “Eu o vejo sempre em oração; fica na igreja, mesmo depois que os outros saem; todos os dias deixa por um momento o recreio para fazer uma visita ao SS.mo Sacramento… Na igreja ele se comporta como um anjo que mora no Paraíso”.
Morreu em Mondonio, no dia 09 de março de 1857. Seus restos mortais são venerados na basílica de Maria Auxiliadora. Sua festa é celebrada no dia 06 de maio. Pio XI o definiu: “Pequeno, ou melhor, grande gigante do Espírito”. É patrono dos Pequenos cantores.

São José Cafasso
São José Cafasso – (1811-1860)
José Cafasso nasceu em Castelnuovo Don Bosco, no ano de 1811. Desde criança sentiu-se chamado ao sacerdócio.
Foi ordenado padre aos vinte e três anos de idade. Destacou-se pelo serviço aos pobres e o zelo pela salvação das almas. Depois de dedicado trabalho na igreja São Francisco de Assis, em Turim, foi nomeado reitor e formador de novos sacerdotes: estima-se que tenha formado mais de cem sacerdotes. Era curvado, devido a um problema na coluna.
São João Bosco foi um dos vocacionados por São José Cafasso. Dentre os vários ofícios que assumidos, destacava-se , por fim, à evangelização aos condenados à forca, tanto que é conhecido como o Santo da Forca. Por vários anos dedicou-se à confissão dos encarcerados e encarcearadas: era certo de que queria ouvir os presos e condenados, e consola-los mesmo depois da Confissão. Ficou famoso por suas constantes visitas às prisões, e nos enforcamentos que eram realizados em sua cidade. Faleceu jovem, em 23 de junho de 1860 com qüarenta e nove anos de idade. Sua festa litúrgica é celebrada aos 23 de junho.

São Leonardo MurialdoSão Leonardo Murialdo – (1828-1900)
Nasceu em 1828 em Turim (Itália) numa família burguesa. Conheceu cedo a riqueza que a vida de oração, de sacrifício e de caridade pode proporcionar para o amadurecimento humano e também o discernimento em todas as coisas. Uma pessoa muita atenta aos sinais dos tempos, sensível a opressão sofrida pelos mais pobres. E foi assim que ele discerniu e quis ser um padre para os pobres.
Leonardo voltou-se para as classes mais desprezadas, dos trabalhos simples. Até criou um jornal chamado ‘A voz dos operários’. De fato, uma fé solidária. Ele foi sinal de esperança para a Igreja e a sociedade. O santo foi ponte para que muitos se encontrassem com o Cristo no mistério da cruz e do sofrimento. Ele se consumiu na evangelização, na caridade, na promoção humana, falecendo no ano de 1900. Peçamos sua intercessão para que sejamos sinais de esperança na Igreja e no mundo.


São Luis Versiglia – (1879-1930)
São Luigi Versiglia foi um prelado, missionário, mártir e santo da Igreja Católica Romana. Pertencia aos missionários salesianos italianos, tendo vivido em Macau. Foi assassinado na China em conjunto com o também missionário salesiano São Callisto Caravario.
Partiu de Oliva Gessi para Turim a 16 de Setembro de 1885, com apenas 12 anos de idade, para estudar com os salesianos de Don Bosco, com a intenção de ingressar na universidade para ser veterinário. Permanece com Don Bosco durante dois anos e meio, período em que aquele é seu confessor.
Poucos dias depois da morte de João Bosco, a 11 de Março de 1888, Luigi assiste na Basílica de Maria Auxiliadora à imposição do crucifixo a sete missionários que partiam para as missões. Foi então que decidiu renunciar à sua carreira de veterinário e tornar-se salesiano para ser missionário. Entra para o noviciado em Foglizzo nesse mesmo ano, sendo enviado pouco depois para a Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma onde estudou filosofia. Por esse tempo realizou uma intensa actividade pastoral no oratório do Sagrado Coração. Obtém a licenciatura em 1893 e regressou a Foglizzo como assistente e professor dos noviços. A 21 de Dezembro de 1895 recebe a ordenação sacerdotal.
Miguel Rua, primeiro sucessor de Don Bosco, decidiu abrir um noviciado em Genzano, perto de Roma, e que Luigi Versiglia seria o director e mestre do novo noviciado. Apesar de não estar muito à vontade no seu novo cargo, Luigi aceitou e permaneceu 9 anos em Genzano.
Em 1905, Luigi estudou vários idiomas para poder partir como missionário. A 19 de Janeiro de 1906, saiu de Itália a primeira expedição de missionários salesianos com destino à China, capitaneada por ele. O Bispo de Macau, D. João Paulino de Azevedo e Castro, acolhe calorosamente a chegada dos Salesianos, entregando-lhe a direcção de um orfanato que albergará um máximo de 55 rapazes. Em 1910, quando o bispo os mudou para uma residência maior, como agradecimento pelo seu trabalho, estalaram as lutas entre a Igreja Católica e a recém-implantada Primeira República Portuguesa, que impões um regime anticlerical em Portugal e nos seus territórios do Ultramar. As autoridades de Macau, apesar de não terem razões objectivas para tal, são obrigadas a expulsar os salesianos, que a 29 de Novembro de 1911 são obrigados a mudarem-se para Hong Kong.
Naquela altura, a Diocese de Macau não só compreendia a colónia portuguesa do mesmo nome, mas também uma extensa região do interior da China. O Bispo de Macau confiou de novo aos salesianos um orfanato no distrito de Heung Shan. Os salesianos chegam à capital do distrito, Heung Chow, a 8 de Maio de 1911, onde são recebidos por uma grande multidão em festa. A 10 de Outubro, a monção destrói a residência de Heung Chow e os salesianos de Luigi Versiglia dirigem-se então para Shek Ki.
Em 1912, chegam novos reforços da Europa e Luigi Versiglia decide distribuir os seus homens por quatro residências missionárias. Luigi dividiu o seu tempo entre Macau e a missão do Rio das Pérolas. Em 1915, Luigi construiu em Macau uma obra de maior dimensão, oficinas modernas e uma escola de comércio. Em 1918 os salesianos começaram a trabalhar nos distritos mais setentrionais de Guangdong, pelo que o padre Luigi viu triplicado o seu trabalho.
Em 1920, o território missionário salesiano foi elevado a Vicariato Apostólico, do qual Luigi Versiglia é nomeado como o seu primeiro bispo a 9 de Janeiro de 1921. Em 1922, monsenhor Versiglia faz uma visita a Itália, onde Callisto Caravario se oferece para ajudar no seu labor missionário na China.
No Verão de 1926, começaram a surgir queixas contra o Cristianismo e os estrangeiros em Shiw Chow. No ano seguinte, colocaram na Escola Don Bosco dois manifestos em tela, nos quais se incitavam os alunos a deixar a escola cristã, acompanhados de insultos contra os estrangeiros. A 13 de Dezembro de 1927, os protestos radicalizaram-se, com o incêndio de todas as igrejas e missões de Shiw Chow. Nos anos seguintes o ambiente é cada vez mais hostil e complicado.
A 24 de Fevereiro de 1930, partiu com o padre Calixto Caravario e três alunas das salesianas para Linchow, para realizar trabalho pastoral na missão salesiana existente naquela povoação. No dia seguinte, durante a viagem, foram apresados por bandoleiros que exigiram o pagamento de um resgate para os deixarem prosseguir. O padre Caravario e monsenhor Versiglia tentam proteger as jovens que viajam com eles, para que os bandoleiros não se aproveitem delas. Os bandidos abatem os salesianos a tiro e capturam as raparigas. Os restos mortais de monsenhor Versiglia, tal como os do padre Caravario, foram repatriados para a Itália.
Em 1976, o papa Paulo VI declara Luigi Versiglia e Callisto Caravario como mártires da Igreja. Foram beatificados a 15 de Maio de 1983 pelo Papa João Paulo II e canonizados a 1 de Outubro de 2000.

São Calixto Caravario
São Calixto Caravario – (1903-1930)
Callisto Caravario SDB, (Cuorgnè (Turim), 18 de Junho de 1903 — Li-Thau-Tseul, 25 de Fevereiro de 1930), também grafado Calixto Caravario, foi um sacerdote salesiano, mártir na China, proclamado santo da Igreja Católica Romana por decisao do papa João Paulo II. Comemora-se a 25 de Fevereiro, aniversário da sua morte.







Literatura de Cordel: O Herói Domingos Sávio



Resumirei pro leitor
Uma história singular
Cheia de ensinamentos,
Como tentarei mostrar...
Acredito de verdade
Com toda sinceridade
Que o leitor vai gostar!

A história é de um garoto
Aluno de São João Bosco;
Seu nome: Domingos Sávio
Que faleceu muito moço!
Um herói que fez caminho
Pisando rosas e espinhos
Num espantoso esforço!

Falemos da biografia
Daquele menino santo,
Que não duvido em dizer:
Sua vida foi um encanto!
Exemplo de amizade,
Gigante da santidade...
Como é que chega a tanto?

Nasceu em quarenta e dois
No dia dois de abril,
Era o século dezenove,
Qual flor primaveril
Que desabrocha e viceja
No jardim da Mãe Igreja
Difundindo graças mil.

Cresce o pequeno Sávio
Ou Domingos, se quiser,
Amado pelo papai
E a mamãe, santa mulher.
Esses com dedicação
Ensinaram-lhe com unção
Os rudimentos da fé.

Mas, é preciso dizer
Isso foi no Piemonte
Naquela Itália do Norte
Encastuada de montes,
Mistura de singeleza,
Indústria, fome e pobreza
Ali tinham suas fontes.

São Domingos Sávio, descrito por Dom Bosco



"Sinto verdadeira necessidade de fazer-me santo; e se não me fizer, não faço nada. Deus quer que eu seja santo, e tal há de acontecer." Domingos Sávio


Não deixava de rezar antes das refeições

Já aos quatro anos, não era necessário lembrá-lo de que rezasse as orações da manhã e da noite, o Angelus e as orações de antes e depois das refeições. Sempre que os pais se esqueciam, ele tomava a iniciativa de recitá-las.

Em uma ocasião, uma visita sentou-se à mesa sem praticar nenhum ato de religião. Não ousando chamar a atenção, Domingos retirou-se tristonho. Interrogado depois por seus pais, sobre o motivo daquela estranha atitude, respondeu: "Não me atrevo a sentar-me à mesa com uma pessoa que inicia a refeição como os animais".

Aos sete anos já sabia de cor o catecismo, e ardia em desejos de fazer a Primeira Comunhão. Não foi sem dificuldade que conseguiu a autorização, pois só se costumava admitir a este Sacramento meninos com 11 anos de idade.

Ao recebê-la, a alegria inundou seu coração. Parecia que sua alma já habitava com os anjos do Céu. Após a cerimônia, escreveu alguns propósitos, como: "Meus amigos serão Jesus e Maria; antes morrer do que pecar".

Era um pouco débil e delicado de compleição, de aspecto grave e ar doce, com um não sei quê de agradável seriedade e de humor sempre igual. Percorria diariamente uma distância de 16 quilômetros para ir à escola, onde obtinha, quase sempre, as melhores notas em todas as matérias.


O presente que lhe peço é que me ajude a ser santo

Um dia, ao ouvir uma pregação sobre a facilidade de santificar-se, seu coração inflamou-se no amor de Deus, e mais tarde declarou a Dom Bosco: "Quero dizer que sinto um desejo e uma necessidade de fazer-me santo. Nunca havia imaginado que se poderia sê-lo com tanta facilidade, e agora, que vi, quero absolutamente e tenho absoluta necessidade de ser santo".

Dom Bosco, algum tempo depois, queria dar-lhe um presente e perguntou-lhe o que gostaria de receber. Domingos disse: "O presente que lhe peço é que me ajude a ser santo. Quero dar-me todo ao Senhor, ao Senhor para sempre. Sinto verdadeira necessidade de fazer-me santo, e se não me fizer, não faço nada. Deus quer que eu seja santo, e tal há de acontecer".

A primeira coisa que se lhe aconselhou para chegar a esse fim, foi que trabalhasse para ganhar almas para Deus, posto que não há coisa mais santa nesta vida do que cooperar com Ele na obra da salvação.

Seguindo a recomendação, não perdia oportunidade para dar bons conselhos e advertir a quem dissesse ou fizesse coisas contrárias à santa lei de Deus. Tinha um verdadeiro horror às blasfêmias, e quando as ouvia, se não tinha condições de advertir o responsável, tirava o chapéu e dizia "Louvado seja Jesus Cristo!", para reparar a falta.

Para se compenetrar cada vez mais da resolução que tomara, lia de preferência a vida dos santos que trabalharam especialmente pela salvação das almas, e se encantava com a vocação dos missionários, em cuja intenção, pelo menos uma vez por semana, oferecia a comunhão. Muitas vezes exclamou: "Quantas almas esperam na Inglaterra nossos auxílios! Oh! Se tivesse forças e virtude, queria ir agora mesmo, e com sermões e bom exemplo convertê-las todas para Deus".

O pensamento de ganhar almas o acompanhava em todos os lugares. Seu semblante alegre, sua índole vivaz, o faziam querido por todos, e era a alma das recreações. Não perdia ocasião para levar um menino ao confessionário, e empregava diversos meios para consegui-lo, como passeios, jogos, etc.

Com a mesma finalidade, considerava como seus amigos especialmente os meninos que ficam esquecidos nos colégios, quer pelo seu temperamento ou pela sua ignorância. Alegrava-os com interessantes conversas e dava-lhes bons conselhos. Por esta razão, os doentes o queriam como enfermeiro, e os que estavam tristes e desiludidos contavam-lhe suas dificuldades.


Dominou os olhos vivazes, mantendo-os sempre recolhidos

Deus o havia enriquecido, entre outros dons, com o fervor na oração. Seu espírito estava tão habituado a conversar com Deus em todos os lugares, que, mesmo no meio das mais ruidosas algazarras, recolhia seu pensamento, e com piedosos afetos elevava o coração a Deus. Quando rezava em conjunto, parecia verdadeiramente um anjo: imóvel e bem composto, de joelhos, sem apoiar-se, a cabeça levemente inclinada para frente e os olhos baixos, com suave sorriso no rosto. Bastava vê-lo para se ficar edificado.

A compostura exterior dele tinha tanta naturalidade que se poderia pensar que a havia recebido assim das mãos de Deus. Mas quem o conheceu de perto pode afirmar que tudo era resultado de um grande esforço humano, coadjuvado pela graça divina.

Seus olhos eram vivacíssimos, e tinha que fazer-se não pequena violência para tê-los recolhidos. Ele mesmo contou a um amigo que, quando decidiu dominar o olhar, teve muito trabalho, e até padeceu de grandes dores de cabeça.

Além da modéstia do olhar, era muito comedido em suas palavras. Nunca seus lábios proferiram palavras de queixa pelos calores do verão nem pelos rigores do inverno. Sempre se mostrava satisfeito com tudo o que lhe serviam. Quando a comida estava muito cozida ou muito crua, quando tinha muito ou pouco sal, dizia que era assim que gostava, aproveitando a ocasião para mortificar-se.


Intensa devoção a Nossa Senhora

Sua devoção a Nossa Senhora era enorme, e fazia cada dia mortificações em sua honra. Pode-se dizer que toda sua vida foi um exercício de devoção à Santíssima Virgem.

Quando passava próximo de espetáculos públicos, não os olhava, o que levou um companheiro pouco piedoso a dizer-lhe: "Para que tens olhos, se não te serves deles para olhar estas coisas?". A resposta veio pronta: "Quero que me sirvam para contemplar o rosto de nossa celestial mãe Maria, quando, com a graça de Deus, seja digno de ir vê-la no paraíso".

No mês dedicado à Mãe de Deus, preparava uma série de exemplos edificantes, e pouco a pouco os ia narrando com muita disposição, para animar outros a serem devotos dEla.

Em 1856, Domingos demonstrou tanto fervor no mês de maio, que parecia, mais do que nunca, um anjo vestido de carne humana. Se escrevia, era de Maria; se estudava, cantava ou ia à aula, tudo fazia em honra de Maria.


Desejo ardente de falecer na Escola Salesiana

Sua atitude impressionava tanto, que um colega lhe perguntou: "Se fazes tudo este ano, o que farás no ano que vem?". E recebeu uma resposta através da qual se nota que pressentia chegar seu fim: "Isto corre por minha conta. Se ainda viver, contar-te-ei o que hei de fazer".

Como sua saúde ia debilitando-se, Dom Bosco o fez examinar por vários médicos. Inquirindo sobre o remédio mais útil para aplicar, um médico, que se encantara com o pequeno Domingos, disse que "melhor seria deixá-lo ir ao paraíso, para o que parece muito preparado".

Atacado por tosse obstinada, a conselho médico foi obrigado a ir para a casa dos pais, o que aceitou como penitência, mas demonstrando pouca disposição, pois queria acabar seus dias na Escola Salesiana, e sabia que se fosse para casa não voltaria mais, como ele mesmo afirmou.

Ao sair, chamou Dom Bosco, dizendo-lhe: "Posto que o senhor não quer esta minha carcassa, me vejo obrigado a levá-la a Mondonio (residência dos pais). Ver-nos-emos no paraíso".

Perguntou-lhe se era certo que seus pecados estavam perdoados, o que deveria responder ao demônio se viesse tentá-lo etc. Ao final, pediu as indulgências plenárias que o Papa concedera a Dom Bosco "in articulo mortis".

Ao sentir que se aproximava a morte, pediu que o pai lesse a Ladainha das Rogações, e algum tempo depois, com voz clara e alegre, disse: "Adeus, papai, adeus. Oh! que coisas tão belas vejo!"

E sorrindo com celestial semblante, expirou com as mãos cruzadas sobre o peito e sem fazer o menor movimento.

Tão logo se tomou conhecimento de sua morte, seus companheiros começaram a aclamá-lo como santo; nas ladainhas dos defuntos, em vez de responderem `rogai por ele', diziam `rogai por nós'. Quase a cada dia se recebiam notícias de graças recebidas pelos fiéis por sua intercessão.

Domingos Sávio nasceu a 2 de abril de 1842, em Riva, a duas milhas de Chieri, na Itália. Faleceu a 9 de março de 1857. Foi declarado Venerável por Pio XI, em 1933. Foi beatificado por Pio XII em 1950, que o canonizou a 13 de junho de 1954, centenário de sua entrada no Colégio de Dom Bosco, em Turim.

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Referência:

"Biografia y escritos de San Juan Bosco", BAC, Madrid, 1955, pp. 769 a 857.

Fonte:http://grandessantos.blogspot.com/search/label/S%C3%A3o%20Domingo%20S%C3%A1vio

Dom Bosco: Profeta dos Jovens




Sonho missionário de Dom Bosco através das Américas



Este sonho missionário que Dom Bosco teve, é uma representação alegórica, rica de elementos proféticos sobre o futuro das Missões Salesianas na América do Sul. Pode-se distinguir nele três grandes sequências:

1. Após uma breve introdução, Dom Bosco diz encontrar-se numa sala, onde várias pessoas desconhecidas falam sobre as Missões. Ele reconhece o filho do Conde de Toulouse.
2. Na forma mais estranha o jovem faz contemplar, daquela sala, o extenso campo das missões da América do Sul preparado para os salesianos.
3. Em companhia do jovem, Dom Bosco faz uma viagem através de toda a América do Sul, até a Patagônia onde estão trabalhando os Salesianos e as Famílias de Maria Auxiliadora.

É um sonho muito longo. Aqui será narrada, por ele próprio, somente a parte que se refere ao Brasil.

"Naquele instante, aproximou-se de mim um jovem de seus 16 anos, amável e de sobre-humana beleza. Fixando-me o olhar, me chamou pelo nome e começou a falar-me da Congregação Salesiana.
Depois prosseguiu: - Pois bem: Estas montanhas são as cordilheiras da América do Sul e aquele mar é o Oceano Atlântico. Daqui até lá está a messe oferecida aos salesianos. São milhões de habitantes que esperam pela sua ajuda.
- E como fazer? Eu interrompi; como chegaremos a levar tantos povos ao rebanho de Cristo?- Com suor e sangue, respondeu. Quer ver o que vai acontecer?
E sem saber como, me encontrei em uma estação ferroviária. Havia muita gente. Subimos no trem e eu perguntei onde iríamos.
O jovem respondeu: - Vamos fazer uma viagem pelas cordilheiras. E tirando fora um mapa começou a me mostrar alguns pontos interessantes.
Enquanto eu olhava o mapa, a máquina deu um apito e o trem se pôs em movimento.
Na viagem o meu amigo falava muito e eu aprendia coisas belíssimas e novas sobre astronomia, meteorologia, mineralogia, fauna, flora, topografia.
Eu sempre olhava pela janela do vagão e via passar diante de mim variadas e estupendas regiões. Bosques, montanhas, planícies, rios caudalosos e que eu não fazia idéia.
Por mais de mil milhas fomos costeando uma floresta virgem. Via também cadeias de montanhas.
Pude ver as entranhas daquelas montanhas e as profundidades daquelas planícies.
Tinha sob os meus olhos as riquezas incomparáveis daqueles países. Via numerosas minas de metais preciosos, minas de carvão de pedra, poços de petróleo tão abundantes que não se viam noutros lugares.
Mas, isso não era tudo. Entre os graus 15 e 20 de latitude havia uma espécie de enseada assaz larga, assaz longa que partia de um ponto onde se formava um lago.
Então uma voz me disse repetidas vezes: - Quando estas minas forem exploradas, tudo isso se transformará numa terra de promissão onde corre leite e mel. Será uma terra de uma riqueza inconcebível.
Mas, o que mais me surpreendia era ver aquelas Cordilheiras cujas reentrâncias formavam vales até hoje desconhecidos pelos geógrafos. Nestes vales que se estendiam por mais de mil quilômetros habitavam numerosas populações que ainda não tiveram contato com os europeus; nações ainda completamente desconhecidas.
Passamos pelas margens do rio Uruguai. Não julgava que fosse tão longo. Vi também outro rio que corria paralelamente e depois se afastava formando um largo cotovelo. Era o rio Paraná.
O trem corria veloz, ora para a direita, ora para a esquerda atravessando florestas, penetrando túneis, subindo gigantescos viadutos, internando-se entre gargantas de montanhas, costeando lagos e pântanos, atravessando largos rios, correndo no meio de pradarias e planícies.
O trem tomou a direção dos Pampas e da Patagônia. Campos cultivados, casas espalhadas aqui e acolá indicavam que a civilização ia chegando naquelas terras. Transpomos uma ramificação do rio Colorado ou talvez do rio Chubut (rio Negro). Não sabia se a sua correnteza era para a Cordilheira ou para o Atlântico.
De vez em quando, avistava numerosas tribos selvagens.
Todas as vezes que via uma tribo o jovem Colle me dizia: - Eis a messe dos salesianos. Entramos numa região cheia de animais ferozes e de répteis venenosos esquisitos e horríveis. Uns pareciam cães alados e pançudos; outros eram sapos enormes que devoravam rãs. Estas espécies de animais se misturavam e grunhiam ameaçando morder-nos.
Meu companheiro, acenando para aquelas feras, exclamou: - Os salesianos as tornarão mansas.
Finalmente percebo que o trem vai se aproximando do mesmo lugar de onde partiu. O jovem pegou um mapa no qual estava desenhada com exatidão toda a América do Sul e me disse:
- Quer ver a viagem que o senhor fez? E mais: aqui está representado tudo o que foi, tudo o que é e tudo o que será estas regiões.
Enquanto eu observava aquele mapa e ouvia as explicações do jovem, admirado com o que meus olhos viam, me pareceu que o sacristão do Santuário de Nossa Senhora Auxiliadora soasse as Ave Marias.
Mas acordando, percebi que eram os sinos da Paróquia de São Benigno. O sonho durou toda a noite."


Dom Bosco terminou a narração dizendo: - Com a doçura de São Francisco de Sales os salesianos levarão Jesus Cristo para as populações da América. Nas cadeias dos Andes, entre os graus 10 e 20 há muitas minas de chumbo, ouro e coisas ainda mais preciosas.
No dia 21 de abril de 1960 foi inaugurada no Brasil a nova capital Brasília. Esta cidade nasceu sob a égide e a proteção de Dom Bosco.
Quando, após longos estudos, foi escolhido o lugar no Estado de Goiás, os estrangeiros, tendo ouvido falar de uma profecia do Santo, quiseram conhecer e examiná-la e se convenceram de que ele fez aceno na sua visão profética ao indicar os graus de latitude onde correria leite e mal, perto de um grande lago.
Brasília se encontra exatamente entre os 15° e 20° graus de latitude e foi construído artificialmente um lago para a fertilização do terreno e embelezamento da região.

O Sonho das duas colunas



Em 26 de maio de 1862 São João Bosco tinha prometido a seus jovens que lhes narraria algo muito agradável nos últimos dias do mês.
Em 30 de maio, pois, de noite contou-lhes uma parábola ou sonho segundo ele quis denominá-la. Eis aqui suas palavras:
“Quero-lhes contar um sonho. É certo que o que sonha não raciocina; contudo, eu que contaria a Vós até meus pecados se não temesse que saíssem fugindo assusta”dos, ou que caísse a casa, este o vou contar para seu bem espiritual. Este sonho o tive faz alguns dias.
“Figurem-se que estão comigo junto à praia, ou melhor, sobre um escolho isolado, do qual não vêem mais terra que a que têm debaixo dos pés. Em toda aquela vasta superfície líquida via-se uma multidão incontável de naves dispostas em ordem de batalha, cujas proas terminavam em um afiado esporão de ferro em forma de lança que fere e transpassa todo aquilo contra o qual arremete. Estas naves estão armadas de canhões, carregadas de fuzis e de armas de diferentes classes; de material incendiário e também de livros, e dirigem-se contra outra nave muito maior e mais alta, tentando cravar-lhe o esporão, incendiá-la ou ao menos fazer-lhe o maior dano possível.
“A esta majestosa nave, provida de tudo, fazem escolta numerosas navezinhas que dela recebiam as ordens, realizando as oportunas manobras para defender-se da frota inimiga. O vento lhes era adverso e a agitação do mar parece favorecer aos inimigos.
“Em meio da imensidão do mar levantam-se, sobre as ondas, duas robustas colunas, muito altas, pouco distantes a uma da outra. Sobre uma delas está a estátua da Virgem Imaculada, a cujos pés vê-se um amplo cartaz com esta inscrição: Auxilium Christianorum. (Auxilio dos Cristãos)
“Sobre a outra coluna, que é muito mais alta e mais grossa, há uma Hóstia de tamanho proporcionado ao pedestal e debaixo dela outro cartaz com estas palavras: Salus credentium. (Salvação dos crentes)
“O comandante supremo da nave maior, que é o Romano Pontífice, ao perceber o furor dos inimigos e a situação difícil em que se encontram seus fieis, pensa em convocar a seu redor aos pilotos das naves ajudantes para celebrar conselho e decidir a conduta a seguir. Todos os pilotos sobem à nave capitaneada e congregam-se ao redor do Papa. Celebram conselho; mas ao ver que o vento aumenta cada vez mais e que a tempestade é cada vez mais violenta, são enviados a tomar novamente o mando de suas respectivas naves.
“Restabelecida por um momento a calma, O Papa reúne pela segunda vez aos pilotos, enquanto a nave capitã continua seu curso; mas a borrasca torna-se novamente espantosa.
“O Pontífice empunha o leme e todos seus esforços vão encaminhados a dirigir a nave para o espaço existente entre aquelas duas colunas, de cuja parte superior pendem numerosas âncoras e grosas argolas unidas a robustas cadeias.
“As naves inimigas dispõem-se todas a assaltá-la, fazendo o possível por deter sua marcha e por afundá-la. Umas com os escritos, outras com os livros, outras com materiais incendiários dos que contam em grande abundância, materiais que tentam arrojar a bordo; outras com os canhões, com os fuzis, com os esporões: o combate torna-se cada vez mais encarniçado. 
“As proas inimigas chocam-se contra ela violentamente, mas seus esforços e seu ímpeto resultam inúteis. Em vão reatam o ataque e gastam energias e munições: a gigantesca nave prossegue segura e serena seu caminho.
“Às vezes acontece que por efeito dos ataques de que lhe são objeto, mostra em seus flancos uma larga e profunda fenda; mas logo que produzido o dano, sopra um vento suave das duas colunas e as vias de água fecham-se e as fendas desaparecem.

“Disparam enquanto isso os canhões dos assaltantes, e ao fazê-lo arrebentam, rompem-se os fuzis, o mesmo que as demais armas e esporões. Muitas naves destroem-se e afundam no mar. 
“Então, os inimigos, acesos de furor começam a lutar empregando a armas curtas, as mãos, os punhos, as injúrias, as blasfêmias, maldições, e assim continua o combate.
“Quando eis aqui que o Papa cai ferido gravemente. Imediatamente os que lhe acompanham vão a ajudar-lhe e o levantam. O Pontífice é ferido uma segunda vez, cai novamente e morre. Um grito de vitória e de alegria ressoa entre os inimigos; sobre as cobertas de suas naves reina um júbilo inexprimível.
“Mas apenas morto o Pontífice, outro ocupa o posto vacante. Os pilotos reunidos o escolheram imediatamente; de sorte que a notícia da morte do Papa chega com o da eleição de seu sucessor. Os inimigos começam a desanimar-se.
“O novo Pontífice, vencendo e superando todos os obstáculos, guia a nave em volta das duas colunas, e ao chegar ao espaço compreendido entre ambas, a amarra com uma cadeia que pende da proa uma âncora da coluna que ostenta a Hóstia; e com outra cadeia que pende da popa a sujeita da parte oposta a outra âncora pendurada da coluna que serve de pedestal à Virgem Imaculada. Então produz-se uma grande confusão.
“Todas as naves que até aquele momento tinham lutado contra a embarcação capitaneada pelo Papa, dão-se à fuga, dispersam-se, chocam entre si e destroem-se mutuamente. Umas ao afundar-se procuram afundar às demais. Outras navezinhas que combateram valorosamente às ordens do Papa, são as primeiras em chegar às colunas onde ficam amarradas.
“Outras naves, que por medo ao combate retiraram-se e que se encontram muito distantes, continuam observando prudentemente os acontecimentos, até que, ao desaparecer nos abismos do mar os restos das naves destruídas, remam rapidamente em volta das duas colunas, e chegando às quais se amarram aos ganchos de ferro pendentes das mesmas e ali permanecem tranqüilas e seguras, em companhia da nave capitã ocupada pelo Papa. No mar reina uma calma absoluta.”
Ao chegar a este ponto do relato, Don Bosco perguntou a São Miguel Rua:
— O que pensas desta narração?
São Miguel Rua respondeu:
— Parece-me que a nave do Papa é a Igreja da qual ele é a Cabeça: as outras naves representam aos homens e o mar ao mundo. Os que defendem à embarcação do Pontífice são os fieis à Santa Se; os outros, seus inimigos, que com toda sorte de armas tentam aniquilá-la. As duas colunas salvadoras parece-me que são a devoção a María Santíssima e ao Santíssimo Sacramento da Eucaristia.
São Miguel Rúa não fez referência ao Papa cansado e morto e São João Bosco nada disse tampouco sobre este particular. Somente acrescentou:
— Hás dito bem. Somente terei que corrigir uma expressão. As naves dos inimigos são as perseguições. Preparam-se dias difíceis para a Igreja. O que até agora aconteceu (na história da Igreja) é quase nada em comparação ao que tem de acontecer. Os inimigos da Igreja estão representados pelas naves que tentam afundar a nave principal e aniquilá-la se pudessem. Só ficam dois meios para salvar-se dentro de tanto desconcerto! Devoção a Maria. Freqüência dos Sacramentos: Comunhão freqüente, empregando todos os recursos para praticá-la nós e para fazê-la praticar a outros sempre e em todo momento. Boa noite!