sábado, 28 de abril de 2012

Sonho missionário de Dom Bosco através das Américas



Este sonho missionário que Dom Bosco teve, é uma representação alegórica, rica de elementos proféticos sobre o futuro das Missões Salesianas na América do Sul. Pode-se distinguir nele três grandes sequências:

1. Após uma breve introdução, Dom Bosco diz encontrar-se numa sala, onde várias pessoas desconhecidas falam sobre as Missões. Ele reconhece o filho do Conde de Toulouse.
2. Na forma mais estranha o jovem faz contemplar, daquela sala, o extenso campo das missões da América do Sul preparado para os salesianos.
3. Em companhia do jovem, Dom Bosco faz uma viagem através de toda a América do Sul, até a Patagônia onde estão trabalhando os Salesianos e as Famílias de Maria Auxiliadora.

É um sonho muito longo. Aqui será narrada, por ele próprio, somente a parte que se refere ao Brasil.

"Naquele instante, aproximou-se de mim um jovem de seus 16 anos, amável e de sobre-humana beleza. Fixando-me o olhar, me chamou pelo nome e começou a falar-me da Congregação Salesiana.
Depois prosseguiu: - Pois bem: Estas montanhas são as cordilheiras da América do Sul e aquele mar é o Oceano Atlântico. Daqui até lá está a messe oferecida aos salesianos. São milhões de habitantes que esperam pela sua ajuda.
- E como fazer? Eu interrompi; como chegaremos a levar tantos povos ao rebanho de Cristo?- Com suor e sangue, respondeu. Quer ver o que vai acontecer?
E sem saber como, me encontrei em uma estação ferroviária. Havia muita gente. Subimos no trem e eu perguntei onde iríamos.
O jovem respondeu: - Vamos fazer uma viagem pelas cordilheiras. E tirando fora um mapa começou a me mostrar alguns pontos interessantes.
Enquanto eu olhava o mapa, a máquina deu um apito e o trem se pôs em movimento.
Na viagem o meu amigo falava muito e eu aprendia coisas belíssimas e novas sobre astronomia, meteorologia, mineralogia, fauna, flora, topografia.
Eu sempre olhava pela janela do vagão e via passar diante de mim variadas e estupendas regiões. Bosques, montanhas, planícies, rios caudalosos e que eu não fazia idéia.
Por mais de mil milhas fomos costeando uma floresta virgem. Via também cadeias de montanhas.
Pude ver as entranhas daquelas montanhas e as profundidades daquelas planícies.
Tinha sob os meus olhos as riquezas incomparáveis daqueles países. Via numerosas minas de metais preciosos, minas de carvão de pedra, poços de petróleo tão abundantes que não se viam noutros lugares.
Mas, isso não era tudo. Entre os graus 15 e 20 de latitude havia uma espécie de enseada assaz larga, assaz longa que partia de um ponto onde se formava um lago.
Então uma voz me disse repetidas vezes: - Quando estas minas forem exploradas, tudo isso se transformará numa terra de promissão onde corre leite e mel. Será uma terra de uma riqueza inconcebível.
Mas, o que mais me surpreendia era ver aquelas Cordilheiras cujas reentrâncias formavam vales até hoje desconhecidos pelos geógrafos. Nestes vales que se estendiam por mais de mil quilômetros habitavam numerosas populações que ainda não tiveram contato com os europeus; nações ainda completamente desconhecidas.
Passamos pelas margens do rio Uruguai. Não julgava que fosse tão longo. Vi também outro rio que corria paralelamente e depois se afastava formando um largo cotovelo. Era o rio Paraná.
O trem corria veloz, ora para a direita, ora para a esquerda atravessando florestas, penetrando túneis, subindo gigantescos viadutos, internando-se entre gargantas de montanhas, costeando lagos e pântanos, atravessando largos rios, correndo no meio de pradarias e planícies.
O trem tomou a direção dos Pampas e da Patagônia. Campos cultivados, casas espalhadas aqui e acolá indicavam que a civilização ia chegando naquelas terras. Transpomos uma ramificação do rio Colorado ou talvez do rio Chubut (rio Negro). Não sabia se a sua correnteza era para a Cordilheira ou para o Atlântico.
De vez em quando, avistava numerosas tribos selvagens.
Todas as vezes que via uma tribo o jovem Colle me dizia: - Eis a messe dos salesianos. Entramos numa região cheia de animais ferozes e de répteis venenosos esquisitos e horríveis. Uns pareciam cães alados e pançudos; outros eram sapos enormes que devoravam rãs. Estas espécies de animais se misturavam e grunhiam ameaçando morder-nos.
Meu companheiro, acenando para aquelas feras, exclamou: - Os salesianos as tornarão mansas.
Finalmente percebo que o trem vai se aproximando do mesmo lugar de onde partiu. O jovem pegou um mapa no qual estava desenhada com exatidão toda a América do Sul e me disse:
- Quer ver a viagem que o senhor fez? E mais: aqui está representado tudo o que foi, tudo o que é e tudo o que será estas regiões.
Enquanto eu observava aquele mapa e ouvia as explicações do jovem, admirado com o que meus olhos viam, me pareceu que o sacristão do Santuário de Nossa Senhora Auxiliadora soasse as Ave Marias.
Mas acordando, percebi que eram os sinos da Paróquia de São Benigno. O sonho durou toda a noite."


Dom Bosco terminou a narração dizendo: - Com a doçura de São Francisco de Sales os salesianos levarão Jesus Cristo para as populações da América. Nas cadeias dos Andes, entre os graus 10 e 20 há muitas minas de chumbo, ouro e coisas ainda mais preciosas.
No dia 21 de abril de 1960 foi inaugurada no Brasil a nova capital Brasília. Esta cidade nasceu sob a égide e a proteção de Dom Bosco.
Quando, após longos estudos, foi escolhido o lugar no Estado de Goiás, os estrangeiros, tendo ouvido falar de uma profecia do Santo, quiseram conhecer e examiná-la e se convenceram de que ele fez aceno na sua visão profética ao indicar os graus de latitude onde correria leite e mal, perto de um grande lago.
Brasília se encontra exatamente entre os 15° e 20° graus de latitude e foi construído artificialmente um lago para a fertilização do terreno e embelezamento da região.

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